terça-feira, 1 de setembro de 2015

Edição Especial: O Início do Sertanejo Universitário no Brasil

     Por volta de 1910 surgiram as “Toadas e Modas”, tendo a viola como principal instrumento. Em 1929 Cornélio Pires começou a gravar “CAUSOS” da região cultural caipira, na época conhecida como música caipira, hoje conhecida como música sertaneja. O tradicional era uma dupla na qual um deles canta com voz nasal e uso acentuado de um falsete típico, com alta impedância e tensão vocal, mesmo nos agudos, alcançando às vezes a extensão de soprano. O estilo vocal relativamente se manteve, aconteceram algumas alterações no ritmo que foi agregado a outros, bem como foram introduzidos novos instrumentos, melodias e mais alguns elementos trazidos pela indústria musical.       
     O termo sertanejo significa "habitante do sertão nordestino", o gênero “música sertaneja“ refere-se às canções que surgiram na região e são consumidas na área cultural caipira, localizada ao sul da área sertaneja. Os cantores nordestinos vêm com sua voz áspera e em bandos com sua alegria fazendo de praças e calçadas seu palco. Cornélio Pires, folclorista, foi o primeiro a escrever sobre esse gênero sertanejo no livro "Conversas Ao Pé do Fogo".     
     A história da música sertaneja pode ser dividida em três fases: 

 - 1929 até 1944 – como música caipira ou música sertaneja de raiz
 - pós-guerra até anos 60 – Uma fase de transição
 - dos anos 60 até anos 90 – Como música sertaneja romântica.
     Essas músicas têm características bem próprias como: letras românticas, um canto triste que comove sempre e lembranças de histórias típicas do sertão, porém, a dança é alegre e contagiante.
     Com a chegada dos anos 2000, a virada tão esperada do século, houve a grande mudança para o “ SERTANEJO UNIVERSITÁRIO “, quando os personagens das lindas histórias românticas do sertão como vaqueiros, animais, lidas, cotidiano do sertão, gado e amores bem complicados são trocados e ambientados para atrair jovens urbanos, também sofrendo por amor, porém, em melhores condições, ostentando bebidas, dinheiro, e mostrando quão desvalorizado é o amor fora da simplicidade do sertão.
      O "movimento" Sertanejo Universitário teve início nos anos 2000, com a dupla Bruno & Marrone. Encontrou, então, "terra fértil" no Mato Grosso do Sul e em Minas Gerais, fazendo sucesso com César Menotti & Fabiano,  João Bosco & Vinícius, Victor & Léo, entre outros.
     Atualmente, temos vários cantores do estilo distribuídos em todo o Brasil. Entre os mais aclamados, temos Luan Santana, Fernando & Sorocaba, Jorge & Mateus, Guilherme & Santiago, Michel Teló, Maria Cecília & Rodolfo, João Neto & Frederico, João Pena & Gabriel, Zé Henrique & Gabriel e Marcos & Belutti etc.

Cantores analisam a situação do estilo

Bruno & Marrone:
"Alguém tem que tomar a iniciativa para fazer algo diferente, transformar o mercado. Acho que servimos de inspiração para esta garotada, abrindo as portas para regravações de sucessos do gênero em formato acústico. Agora, eles fazem uma levada mais acelerada, deixando o estilo romântico um pouco de lado, para agradar a galera que quer alegria, sair na noite para se divertir, badalar, dançar... Essa nova música trouxe essa identificação."

João Bosco & Vinícius:

"Começamos a ficar conhecidos, eu na faculdade de fisioterapia, e João fazendo odontologia, tocando entre os universitários nas noites de Campo Grande (MS). O cachê, trocávamos por ingressos e distribuíamos como cortesia para os jovens (geralmente de cursos considerados mais elitizados, como medicina). Hoje, mais do que o funk, o pagode e o axé, digo sem nenhuma dúvida: a música sertaneja é a mais popular do Brasil."

     Esse segmento musical é algo em constante mutação. A vontade de renovar é tamanha e a mistura de ritmos tão bem-vinda, que algumas duplas, como Jorge & Mateus, Maria Cecília & Rodolfo, Fernando & Sorocaba e João Neto & Frederico, chegam a promover verdadeiras micaretas em seus shows, muitas vezes de cima de um trio elétrico. Percebemos desde o início que o pessoal gostava bastante quando misturávamos o sertanejo com a batida do axé e do pop-rock, sem perder a característica original. E cada vez mais aumenta a aparição de novos jovens buscando seu espaço nesse seguimento, seja em cima do palco ou não.

João Neto & Frederico:
"Já tocamos com Netinho, Banda Eva, Chiclete com Banana... Só que não invadimos a praia deles, fazemos a brincadeira com nossas próprias músicas. O público é praticamente o mesmo, a juventude que curte o axé é a que gosta da gente" - conta João Neto, que assim como o irmão, Frederico, é avesso a bebidas alcoólicas (apesar de cantar "Se a mulherada é de primeira/ fico até segunda-feira / bebo até ficar tonto", em "Pega Fogo Cabaré"), outra característica diversa à da primeira geração, que fazia da bebida uma aliada nas composições "dor de cotovelo"."


Luan Santana:
"Nasci em Campo Grande (MS), uma região onde o sertanejo é muito forte. À medida que fui crescendo, passei a ouvir outras coisas e acrescentei à minha maneira de fazer música. Rendeu essa misturada louca aí, e eu acho que é por isso que está dando tão certo" - tenta explicar seu sucesso meteórico. As canções do Luan são compostas especialmente para ele. As letras não falam de cachaça nem de outras bobagens, só de amor - afirma Sorocaba, autor dos hits "Meteoro" e "Você Não Sabe O Que É Amor", consagrados pelo rapazinho, e responsável por 99% das composições que interpreta ao lado do parceiro, Fernando: - "Para nós dois, eu já uso mais gírias, como "Paga pau", e versos mais picantes, como os de "Da cor do pecado".

Chitãozinho e Xororó:

"É uma geração que está vindo com uma consciência maravilhosa do que é a música caipira. Eles conseguiram inovar o sertanejo com músicas mais fáceis, o que fez o povo participar mais também" - justifica Chitãozinho, que fez questão de dividir o palco com Luan Santana, João Neto & Frederico, Maurício & Mauri, João Bosco & Vinícius, Guilherme & Santiago, Jorge & Mateus, Fernando & Sorocaba, Hugo Pena & Gabriel, Maria Cecília & Rodolfo, Michel Teló, Zé Henrique & Gabriel e Eduardo Costa, convidando-os a cantar hits que marcaram a história da dupla, como "Evidências", hoje disseminada também na voz dos cantores universitários: "é um novo modelo, mais acústico, descontraído, no estilo música de barzinho. Essa é a grande diferença. O legal é que eles cantam nossas músicas em seus shows e, consequentemente, o público deles acaba nos conhecendo também."

Como o mundo virtual ajudou o segmento


A internet fez algo extraordinário para o estilo sertanejo universitário ao conseguir unir a música do interior, conhecida como caipira, ao caos urbano que vivemos nos dias de hoje por meio de sites como o Youtube.

Cada vez mais o "novo sertanejo" cresce e ocupa lugar em todas as esferas da sociedade. Hoje, a ostentação também tomou conta do estilo, que fala desde dinheiro até carros luxuosos. 





















Por Thays Gomes e Sheyla Quezado

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